A área de Saúde Mental de São Bernardo do Campo avançou mais um passo nesta sexta-feira (27/1) com a inauguração da segunda Residência Terapêutica Masculina. O novo espaço, o quarto do gênero no município, passa a abrigar a partir de agora oito ex-pacientes que permaneceram por longo período no hospital psiquiátrico Lacan, a maioria internada por mais de 15 anos em instituições psiquiátricas, isolada do convívio social.
A exemplo das outras residências já existentes no município – duas femininas e uma masculina –, os moradores irão participar de oficinas de geração de renda e de cursos de capacitação profissional oferecidos pela Prefeitura ou em parceria com outras instituições. O secretário de Saúde explica que a Prefeitura conseguiu retirar nove pacientes do Lacan, sendo que um deles foi transferido para a outra Residência Terapêutica Masculina, inaugurada em 2009, após a abertura de uma vaga.
A desinstitucionalização – que trata-se da retirada dos pacientes psiquiátricos de instituições que os mantinham internados por longos períodos – conta com o apoio do Ministério da Saúde, que concede um benefício mensal aos residentes, válido por um ano, por meio do programa De Volta para Casa. Conforme os leitos do Lacan vão sendo desativados, os recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) são repassados pela Prefeitura para o custeio das residências terapêuticas.
Para o chefe do Executivo, o que São Bernardo está fazendo é seguir as políticas recomendadas pelo Governo Federal, que defende a mudança na forma de tratamento dos pacientes psiquiátricos, de forma a acabar com a internação. O espaço faz parte do projeto de implantação de um novo modelo de atenção psiquiátrica na cidade, cuja meta é ampliar a assistência à saúde mental e eliminar a segregação aos pacientes com distúrbios mentais.
"Essas pessoas não poderiam ter sido trancafiadas da forma como viveram até hoje. Nessas condições, tira-se não apenas o direito à liberdade, mas a capacidade de se comunicar, estudar, trabalhar e ter autonomia. Quando lançamos serviços como a Residência, estamos falando no resgate de direitos e cidadania", sublinha o prefeito.
Os moradores terão apoio em regime de 24 horas, participarão de projetos terapêuticos desenvolvidos pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps) do Centro e receberão visitas domiciliares dos técnicos da Coordenadoria de Saúde Mental. A proposta é que eles possam administrar a casa onde passarão a viver e, gradativamente, adquiram autonomia para trabalhar, estudar e recuperar os laços sociais.
A previsão é inaugurar ainda este ano outros três Caps III 24 horas, no Jardim Silvina, Alvarenga e Farina, e mais quatro Repúblicas Terapêuticas para adultos, que também integram a área de Saúde Mental do município. No dia 25 de janeiro, a cidade ganhou a primeira República Terapêutica para adultos, espaço destinado a pessoas que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas, entre as quais o crack, e que em função de vínculos sociais fragilizados não podem retornar imediatamente ao convívio familiar. Também conta com uma República Terapêutica para crianças e adolescentes no Bairro Taboão.
A Residência Terapêutica Masculina está localizada na Rua Imperador Pedro II, 800, Bairro Nova Petrópólis.
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